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Transtorno Afetivo Bipolar


O transtorno afetivo bipolar -TAB – hoje em dia está na moda. É freqüente assistirmos na TV artistas dizerem abertamente que possuem TAB, e muitas vezes até para justificarem seus dias de mau–humor ou comportamento inadequado.

Em congressos e jornadas cientificas não é diferente. O TAB também faz sucesso entre os psiquiatras, e há aqueles colegas mais entusiasmados que rotulam quase tudo de TAB. Surgem, inclusive, subdenominações TAB-1, TAB-2, TAB-3 e TAB-4.
De fato, como em outras doenças psiquiátricas, há quem se esconda atrás de um diagnóstico. No caso do TAB, há muitos médicos e pacientes que o usam como anteparo.

O TAB-puro, no qual se observa fases claramente depressivas e fases maníacas (ou exaltação psíquica) bem distintas, não é tão comum como pintam os meios de comunicação. A maioria dos casos de TAB se enquadra no que a psiquiatria atual chama de TAB-misto, ou seja, sintomas depressivos aparecem nas fases maníacas e vice-versa. Assim, quadros com sintomas de agitação, ansiedade, labilidade emocional, irritabilidade quase sempre são inclusos nesse ‘balaio de gatos’ que se chama TAB. Só para concluir, quaisquer doenças mentais podem cursar com esses sintomas anteriormente citados.
É difícil falar de TAB sem antes discutir algo sobre a psiquiatria atual porque esses dois temas estão interligados.

O que ocorre, na realidade, é um nivelamento por baixo da psiquiatria moderna; uma espécie de sistematização das doenças: se a pessoa sente isso, então tem aquilo. A psiquiatria está se limitando a preencher os ‘critérios diagnósticos’ dos manuais técnicos, uma mecanização, um check-list.

O comportamento humano é complexo e tal simplificação banaliza profissionais sérios que realmente estão dispostos a encarar o desafio de entender o funcionamento mental. Entendê-lo é difícil, mas há uma vontade nas pessoas em acreditar que seus problemas comportamentais podem ser resolvidos de forma rápida, fácil e até milagrosa, sem esforço nenhum, bastando apenas tomar uma pílula da cura. É justamente aqui, nesta ingenuidade humana, que entra a indústria farmacêutica, com toda a sua propaganda e sedução, tentando criar a relação remédio-paciente ao invés da sagrada médico – paciente.

Há um certo exagero: gritou e chorou é TAB e tem que tomar remédio. Ou seja, apresentou a fase de mania (gritou) e de depressão (chorou), então é TAB. Ora gritar e chorar são expressões do comportamento humano e só passam a ser doenças se outros aspectos da vida da pessoa forem abalados.