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Tratamento do Autismo


O autismo, juntamente com a esquizofrenia e a demência, são as doenças mais graves da psiquiatria. Isso porque não comprometem só o indivíduo,  mas também toda a família, devido a extrema dependência e ao comportamento desorganizado desses doentes.

As primeiras manifestações do autismo ocorrem antes dos três anos de idade quando a criança mostra atraso do desenvolvimento da comunicação, precária interação interpessoal e ‘manias’ que tecnicamente chamamos de estereotipias.

Essas manifestações precoces são um duro golpe na expectativa de pais que esperam    uma criança normal, inteligente e que se desenvolva a contento.

Além dessa frustração para os pais, é comum observarmos também sentimento de culpa, já que as causas da doença raramente são identificadas. Normalmente eles têm que se contentar com a explicação que o autismo tem causa genética. Mas isso não ameniza o sofrimento: e daí o que é genética?! O que isso explica? É genético do pai ou da mãe?

Dentro do consultório, onde o sofrimento dessas famílias vem à tona, a frieza dessa explicação proposta pela ciência moderna parece não convencer. E sem saber da origem, mas consciente da limitada ajuda que a psiquiatria pode fornecer, apenas controlando alguns sintomas mais desagradáveis e sem oferecer a esperança de plena recuperação para o futuro, o presente dessas famílias se inunda pela sensação de impotência.

Ao examinarmos um paciente com autismo, vemos uma pessoa extremamente frágil, alheio a realidade e aos outros que o cercam, entretido com suas estereotipias ou certos comportamentos bizarros, como lamber parede ou só andar nas pontas dos pés. Mas se conseguirmos enxergar além da névoa dessas manifestações, veremos uma família toda afetada pela gravidade dessa doença.

O congelamento do desenvolvimento da criança autista, sua incapacidade de comunicação e o precário contato visual, criam uma carapaça entre o mundo interno da criança e os outros. Isso é muito angustiante para os pais que não sabem o que se passa dentro do filho, que chora, se agita, fica amuado ou até agressivo, mas não consegue comunicar o motivo da alteração do comportamento. Os pais têm que praticamente adivinhar o que ocorre dentro desse casulo; a criança também sofre com sua incapacidade de interação, pois seus desejos, por não serem entendidos, não são atendidos.

Nunca atendi a um paciente autista que viesse sozinho a consulta. Quando se atende um paciente autista, entram no consultório pai, mãe e às vezes irmãos. Quem fala pelo paciente são os pais: ‘está bem, está tranqüilo’ ou ‘ está mais irritado e agressivo’. São os pais que traduzem para o médico os sentimentos dos pacientes. Desta forma, se o paciente está mais ‘tranqüilo’ ou mais ‘irritado’ é em relação ao referencial da família.

Um autista pode ser agitado para uma família, mas outra pode achá-lo calmo; ou um paciente, para determinada família, pode ser calmo, para outra pode parecer apático. Talvez esse seja o maior paradoxo do autismo: quanto mais grave é o autismo, quanto maior o isolamento, mais conseguimos ver a interação dessa criança com sua família.